Texto: Danielle Valentim
O Núcleo do Sistema Penitenciário (Nuspen) da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul lançou na sexta-feira, 12 de abril, o projeto Sou Capaz. O primeiro encontro reuniu familiares, assistidas e assistidos, bem como representantes de diversas instituições.
A iniciativa da equipe psicossocial do projeto Porta de Entrada tem o objetivo de oferecer apoio e atendimento para pessoas que lutam contra a dependência de álcool ou outras drogas e estão em conflito com a lei.
O rapper General R3 abriu o evento com uma apresentação cultural.
Conforme o coordenador do Núcleo Penitenciário (Nuspen), defensor público Cahuê Duarte e Urdiales, o projeto abre as portas da Defensoria, não apenas para assistidos, mas para seus familiares.
“Estou muito alegre com a iniciativa, porque ela mostra que a Defensoria vai além do atendimento jurídico. Um projeto de acolhimento e de psicoeducação das pessoas que enfrentam essa questão que envolve o uso abusivo de drogas e álcool. Nós temos atendimento na área penal, saúde, família, fazenda pública, então o nosso atendimento jurídico já é conhecido, a Defensoria de MS tem mais de 40 anos nessa área. Hoje a gente abre as portas, que é o início de um projeto, a gente abre para os familiares de pessoas que estão cumprindo pena e que tem o vício e a dependência do álcool ou da droga como uma dessa questões existenciais”.
A psicóloga Ananda Creishy Almeida Maciel pontuou que o primeiro encontro foi diferente, porque além dos assistidos e de suas famílias, houve a presença de representantes de instituições. Em sua apresentação, a servidora explicou o papel da psicologia no âmbito do Nuspen e do projeto Sou Capaz.
“É um trabalho de formiguinha, que vamos sempre acompanhando e, por meio deste acompanhamento, vimos a necessidade de divulgar a informação correta, porque somente assim vamos conseguir ter uma situação diferente. E hoje eu gostaria de fazer um convite aos familiares para se colocarem no lugar das pessoas que se encontram na situação da dependência. Como formamos uma equipe multidisciplinar, o meu papel como psicóloga inclui o acolhimento, orientações, a escuta qualificada, o sigilo e, principalmente, o não julgamento, porque o processo de uma pessoa em tratamento é de muita recaída e sofrimento.”, pontuou a psicóloga.
A assistente social Flavia Vieira Silva também destacou o papel do serviço social, especificamente dentro do projeto.
“O Serviço Social opera no âmbito das políticas públicas sociais, e no Nuspen, a maioria dos casos envolvem dependência química. Como profissional, meu papel inclui intervenções voltadas para assistidas e assistidos em cumprimento de pena e, principalmente, seus familiares”, pontuou a assistente social durante sua fala.
Em sua fala, o assessor jurídico do Nuspen, Fábio Martins Fernandes, destacou a Defensoria como um lugar livre de julgamentos.
“As pessoas em tratamento são julgadas e quando a gente fala em pessoas que estão cumprindo pena existe um preconceito maior ainda. Então a pessoa é julgada por não conseguir sair do vício e é julgada por voltar a cometer crimes, então ela entra nesse círculo de julgamentos e a sociedade não ajuda. Nos atendimentos nós temos muitas mães, e muitas vezes as pessoas ficam envergonhadas, com medo de falar e eu aproveito o momento para falar que a Defensoria é um lugar livre de julgamento ou qualquer preconceito e aqui é um lugar que a gente vai acolher todas as pessoas”, frisou o assessor.
O psicólogo do CAPS ad, Mauro Corsini, detalhou informações importantes sobre as divisões e funcionamento das unidades do CAPs em Campo Grande. “O Caps não precisa de agendamento, é só chegar que você ou seu familiar serão atendidos”, pontuou.
O coordenador Estadual da Rede de Atenção às Pessoas Egressas do Sistema Prisional (Raesp/MS), Kedney Graico Araújo, e redutor de danos na Águia Morena, também prestigiou o lançamento do projeto Sou Capaz.
“Em primeiro lugar parabenizo a iniciativa da Defensoria, mais uma que se alinha a demandas tão importantes na sociedade. E aproveito a presença de familiares para convidar todas e todos para o primeiro encontro de Mulheres que Visitam no próximo dia 24 de abril”, pontuou.
Porta de Entrada
O Porta de Entrada é um projeto que consiste em realizar um relatório de cada pessoa que chega ao sistema prisional, visando verificar se a prisão é, ou não, legítima para que sejam feitos os devidos encaminhamentos.
A proposta permite que as informações sobre as assistidas e assistidos que estão em situação de cárcere sejam mais objetivas, atualizadas e informatizadas.