Assistida Clara Sophia Lopes assinando o processo com novo nome pela primeira vez.
Por: Carla Gavilan
Para quem nunca passou por situações delicadas com pronomes de tratamento ou ser chamado por um nome com o qual não se identifica, talvez não consiga imaginar a conquista de conseguir uma alteração no registro de nascimento.
Para Clara Sophia Lopes, que foi atendida nesta quarta-feira (14) pela Defensoria Pública do Estado de MS, na Semana Nacional do Registro Civil, “como realizar um sonho”.
Coordenadora do Nudedh, defensora Thaisa Defante, durante atendimento.
“Ano passado a Defensoria fez uma ação inédita e linda, o ‘Transformando Histórias’, mas eu estava morando em Dourados por conta do meu mestrado, e não consegui participar. Soube que o Nudedh estaria aqui hoje e vim. Estou muito feliz e ansiosa para mudar todos os documentos. É a realização de um sonho, espero por isso há 3 anos”, relata a geógrafa.
Caso semelhante é o de Lorena Roriz, também atendida no evento.
Assistida Lorena assinando novo nome pela primeira vez.
“Eu vou deixar de sofrer constrangimentos diários, por exemplo, quando eu preciso entregar minha identidade em algum lugar e no Uber, em que o meu nome morto ainda está nos meus cadastros bancários e aí o motorista tem que ficar confirmando e duvidando, a corrida é sempre com receio. É a realização de um sonho, porque eu não tenho como pagar o valor todo, é muito caro, e hoje vejo que será possível”, detalha a professora.
Bob Marley e eu
Assistida Lia, que deixará de ser chamada no masculino por causa de nome ambíguo.
Após passar uma vida toda sendo chamada de “Senhor Marley”, a assistida Marley Redivo em breve terá uma importante alteração no registro civil que lhe permitirá acabar com as situações constrangedoras.
“Era para ser Marley com o som do ‘ley’ mais forte, mas é um nome muito associado ao cantor Bob Marley, que tem pronúncia diferente, então, em todos os lugares eu sempre fui tratada, chamada inicialmente pelo pronome masculino. Lojas, e-mails, telefonemas, é algo incômodo”, explica.
Para ela, a melhor solução é incluir um nome antes de Marley e, para isso, a assistida buscou o atendimento da Defensoria Pública do Estado de MS, na Semana Nacional do Registro Civil, que está sendo realizada nesta semana em Campo Grande.
“Eu escolhi o nome Lia para ser chamada daqui para frente. Não haverá mais confusão. As pessoas que já me conhecem, sabem que sou uma mulher, e as que me conhecerão a partir de agora, não terão dúvidas”, afirma.
Registro errado
Assistido Oriosvaldo em atendimento da Defensoria Pública de MS.
A confusão também deve acabar na vida de Orioslvaldo Ricaldi que está até com problemas financeiros por causa do nome do pai registrado errado em sua certidão.
“Meu pai se chama Oflavio e o cartório escreveu Ollavio. O banco não aceita, encerrou minha conta e eu preciso receber meu pagamento”, conta aflito o assistido atendido pela Defensoria na manhã desta quarta-feira (14) no evento.
Semana Nacional do Registro Civil – Registre-se
A Defensoria Pública de MS participou, com a Van dos Direitos, da Semana Nacional do Registro Civil em Campo Grande, entre os dias 12 e 16 de maio de 2025.
A coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos (Nudehd), defensora pública Thaisa Raquel Medeiros de Albuquerque Defante, comenta a diversidade de casos atendidos no mutirão e a importância dos serviços oferecidos nessas áreas para as pessoas que não têm condições de pagar.
Defensoria pública Thaisa Raquel Defante, coordenadora do Nudedh.
“São diversos atendimentos que chegam até nós, desde o acréscimo de um prenome, a retificação do nome gênero, a modificação do nome respeitando o nome indígena e a própria etnia, até questões recorrentes enfrentadas por pessoas idosas. Então tem sido muito produtivo e importante essa ação conjunta com todas essas instituições”, diz.
Serviço
A Defensoria Pública de MS participa, com a Van dos Direitos, da Semana Nacional do Registro Civil em Campo Grande, entre os dias 12 e 16 de maio de 2025.
O evento tem a participação dos núcleos de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) e da Fazenda Pública, Moradia e Direitos Sociais (Nufamd).
Os atendimentos da Defensoria são realizados na Unigran-Capital, localizada na Rua Abrão Júlio Rahe, nº 325, Centro, em Campo Grande, das 8h às 12h.
A iniciativa tem como foco erradicar o sub-registro civil de nascimento e ampliar o acesso à documentação básica para pessoas em situação de vulnerabilidade.