Texto: Guilherme Henri
A “Violência e Saúde Mental–Como podemos fazer parte da solução?” foi o tema da sétima aula do projeto Em Defesa Delas no Bairro, na noite dessa segunda-feira (17), no Instituto de Apoio Capacitação Instrução de Economia Solidária (Aciesp), localizado no bairro Aero Rancho.
Idealizado pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, por meio do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), o encontro foi conduzido pela psicóloga do Nudem, Keila de Oliveira, e a psicóloga do Departamento de Atendimento Psicossocial da DPGE, Janine Dittrich.
“Quem nunca executou diversas tarefas no dia e, ao final, sentiu como se não tivesse feito absolutamente nada? Isso se chama exaustão. Precisamos começar a validar nossos sentimentos e a cuidar da nossa saúde mental. Como? Separando qualquer espaço de tempo para fazermos o que gostamos. Não podemos ser consumidas pelos afazeres domésticos ou mesmo pela rotina do dia a dia. Olhem também para vocês”, disse Janine.
Na sequência, a servidora Keila completou enfatizando que, “no lar, na maioria dos casos, o papel mais sobrecarregado é o da mulher, pois existe a errônea ideia de que a divisão de afazeres domésticos invalidaria a masculinidade do homem. E isso tem tudo a ver com a nossa saúde mental, que acabam consumidas por um trabalho que é completamente invisibilizado”, pontua.
O curso reuniu cerca de 20 pessoas entre homens e mulheres que atuam como lideranças ou replicadores de conteúdo nos espaços que ocupam no bairro.
Cansaço mental
Devanir de Sousa Ramos, de 56 anos, foi um dos que participou da aula e considerou fundamental a presença masculina no curso.
“A aula de hoje evidenciou como a nossa criação faz diferença entre os gênero e, assim, gera um ciclo vicioso onde os homens herdam o hábito dos pais de sobrecarregar as esposas nas tarefas domésticas. Felizmente, minha mãe nos ensinou a dividir as tarefas, mas nem todas as famílias são assim. É comum ver mulheres sobrecarregadas enquanto os homens relaxam após o trabalho. Eu trabalho com violência doméstica e foco em agressores em potencial, que geralmente são homens. Enfatizo a importância de atividades domésticas compartilhadas, pois fazer as coisas juntos aumenta a harmonia e diminui os conflitos”, comentou.
Já a participante Jéssica Flávia Balde Oliveira Souza, de 28 anos, observou que “a maioria das mulheres enfrenta o mesmo problema de saúde mental por causa da sobrecarga com os filhos e a casa. Hoje recebemos orientações sobre como pensar mais em nós mesmas e dividir essas tarefas. Colocar alguém para cuidar das crianças ou fazer a comida, por exemplo, ajuda a não nos sobrecarregar e a manter nossa saúde mental equilibrada".
Confira as próximas aulas:
24/06–19h/21h–Os crimes mais recorrentes praticados contra as mulheres
Palestrante: Coordenadora do Nudem, Zeliana Luzia Delarissa Sabala
01/07–19h/21h–Violência doméstica e familiar e os Direitos das Crianças e dos Adolescentes Palestrante: Coordenadora do Nudeca, Debora Maria de Souza Paulino
08/07–19h/20:30h–Mulheres Cidadãs: Conhecendo os direitos de todas as mulheres
Palestrante: Coordenadora do Nudedh, Thaisa Raquel Medeiros de Albuquerque Defante.