Participantes durante a oficina na ESDP.
Texto: Danielle Valentim
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, por meio do Núcleo do Sistema Penitenciário (Nuspen), Fórum Sul-Mato-Grossense da Luta Antimanicomial e demais parceiros, realizou nessa quarta-feira (16) uma Oficina de Musicoterapia inédita, na Escola Superior da DPMS, em alusão à II Semana da Luta Antimanicomial de MS.
A oficina foi ministrada pelo artista e musicoterapeuta Lano Elaino, mas quem tomou conta do palco foram os protagonistas da tarde: moradoras e moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos de Campo Grande.
O coordenador do Nuspen, defensor público Cahuê Urdiales, destacou que, além do ineditismo, o modelo do evento foi estratégico.
“Nós escolhemos esse modelo para que, além de debates jurídicos e mesas redondas para discussão de temas, nós pudéssemos efetivamente incluir na Escola Superior da Defensoria Pública os moradores e os usuários do serviço de saúde mental do município de Campo Grande. Que esse seja o primeiro de muitos. Que os usuários de saúde mental tenham mais espaço dentro das instituições públicas”, destacou o coordenador.
A participação do assistido Wellington Henrique dos anjos, de 34 anos, teve um toque especial. De acordo com o coordenador do Nuspen, ele foi um dos primeiros pacientes que possui transtorno mental em conflito com a lei a ser desinternado de uma unidade prisional.
“Ele já está desinternado há cinco anos, morando num residencial terapêutico, reconquistando o direito de viver em sociedade e avançando como cidadão, não mais excluído. Então, para mim, que participei desse projeto, o Reintegra, desde o início, ver a presença do Wellington no evento é motivo de muita alegria, satisfação e de falar que a luta vale a pena. Vamos continuar, vamos acabar com a presença de pessoas com transtorno mental dentro de unidades prisionais de Mato Grosso do Sul”, finalizou o coordenador do Nuspen.
A cuidadora em saúde mental, Stefane Castro, que acompanha Wellington há quatro anos, pontuou o quanto é inimaginável a presença do paciente dentro de uma unidade penal.
“Ele é um menino muito inteligente, muito esperto e por conhecê-lo há quatro anos, cuidar dele e acompanhar a evolução do tratamento nesse período, não dá para imaginar ele dentro do presídio. Esse projeto é incrível porque é inadmissível que alguém com o diagnóstico de esquizofrenia permaneça sem tratamento em uma unidade penal”, pontuou a cuidadora.
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial é lembrado em 18 de maio. Este ano, a semana conta com o tema, “A chaga que existe é o alento que me faz resistir demais”, inspirado na música “Luz da Paz” de Ivone Lara, uma figura fundamental do movimento.
Além de uma caminhada, que saiu da Praça do Rádio em direção à Praça Ary Coelho no dia 17, a II Semana da Luta Antimanicomial do MS e o IV Encontro do Cerrado ofereceram uma agenda variada, incluindo palestras, debates, oficinas, apresentações de trabalhos e atividades culturais em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.