Texto: Guilherme Henri
Na semana da Consciência Negra, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul chama atenção para um dado alarmante: 71,9% das mulheres vítimas de violência de gênero atendidas pela instituição na Casa da Mulher Brasileira são negras.
Conforme a defensora pública que atua há quase cinco anos na CMB, Camila Maués dos Santos Flausino, os dados foram extraídos do Sistema Íris (Sistema de Gestão da CMB) e correspondem ao período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2021.
“O fenômeno deve ser motivo de especial atenção por parte da sociedade civil organizada, sobretudo no Dia da Consciência Negra. Não se trata mais apenas de uma percepção empírica de que são as mulheres negras são as maiores vítimas de violência doméstica e familiar”, destaca.
Por outro ângulo de análise, segundo a defensora, compreende-se que a desigualdade de gênero interrelacionada com a raça se manifesta de diversas formas em diferentes espaços do viver humano e surte múltiplos efeitos sobre mulheres negras e indígenas, alcançando, também aquelas que estão do outro lado do balcão: quem atende essas mulheres negras e indígenas que buscam a rede de proteção.
“Sou defensora negra integrante do sistema de Justiça e não conto com outras representantes igualmente negras em um campo de atuação cujas atividades centralizalizam-se ao atendimento de mulheres negras, como demonstram os dados. Uma aparente incongruência que, na verdade, manifesta a real “congruência” do racismo”, afirma.