“Em defesa delas no bairro”, promove educação em direitos a mulheres de Campo Grande com objetivo de multiplicar informações

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A Defensoria Pública transformou-se em sala de aula. Aquele espaço de conhecimento e esperança que permite novas possibilidades e abre os caminhos. Quarenta mulheres são as alunas do “Em Defesa Delas no Bairro”, projeto do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), que discute violência de gênero e promove o empoderamento por meio das ideias. O curso começou na terça-feira (27) e segue até outubro, com encontros duas vezes por semana.

 

Apesar do modelo tradicional de sala de aula, é na interação entre alunas e professoras que se produz o conteúdo. Como disse Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. E assim aprender é o resultado daquelas que estão sentadas e das que estão em pé.

 

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Já foram realizadas quatro aulas. Nas terças e quintas passadas, as defensoras públicas Thaís Dominato Silva Teixeira, coordenadora do Nudem, Edmeiry Silara Broch Festi e Graziele Carra Dias, além da psicóloga Keila de Oliveira Antônio, da assistente social Elaine França e da jornalista Carla Gavilan Carvalho Nantes (05/09), abordaram as desigualdades de gênero, a Lei Maria da Penha e os tipos de crimes cometidos contra as mulher, informaram sobre as medidas para se tomar após um divórcio e a representação das mulheres na mídia.

 

“Esse é o primeiro, e espero que de muitos, deste projeto que leva educação em direitos e o trabalho do Nudem para os bairros de Campo Grande, às lideranças e que promove um dos objetivos da Defensoria Pública: estar próxima às comunidades, compartilhando ideias e aprendizado”, afirmou Thaís Dominato.

 

As aulas começaram com dinâmicas que questionaram o papel da mulher na sociedade. “vocês acham correto mulheres ganharem menos que homens que ocupam a mesma função e tempo de serviço?”, “é certo que mulheres sejam violentadas por usarem determinadas roupas?” e “mulheres devem ser mães mesmo quando este não é o seu desejo”, perguntou Elaine a um público feminino que passa a indagar sobre seu local no mundo.

 

No encontro, elas também puderam se conhecer, saber de onde vêm e qual o caminho que as levou até ali. Por um instante saíram todas da sala e voltaram cheias de histórias de outras mulheres para apresentar. Cada uma falou um pouco sobre a outra sorteada em pedaços de papeis nominados. Mulheres de todas as idades e de diferentes formações. Professoras, diaristas, cozinheiras, assistentes sociais, psicólogas.

 

Eva, assistente social que trabalha com a primeira infância há 40 anos apresentou Nilza, cabelereira e membro da Marcha Mundial de Mulher, como uma pessoa alegre e incansável.

 

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As alunas Eva e Nilza durante a apresentação.

 

“Somos privilegiadas de estarmos com uma turma de pessoas tão interessantes. Quanto mais informações tivermos, mais fortalecidas estaremos. Mas não só, é a partir do encontro de umas com as outras que aprendemos a ouvir, a não julgar”, pontuou a psicóloga.

 

Esta primeira edição do “Em Defesa Delas no Bairro” acontece na região do Lagoa, na Escola Estadual Aracy Eudociak. Na ocasião, a coordenadora do Nudem explicou que o maior objetivo é informar para que as mulheres não tenham seus direitos violados.

 

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A coordenadora do Nudem, Thaís Dominato, na abertura do projeto. 

  

“Queremos que vocês se transformem em multiplicadoras de conhecimento e assim evitar que outras mulheres tenham seus direitos violados. Também queremos estabelecer com vocês uma ponte com o Nudem, que vocês saibam que podem nos chamar quando souberem ou sofrerem violações de direitos”.

 

 

“Em Defesa Delas” é uma campanha da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep) lançada em maio para promover o trabalho da Defensoria Pública na defesa das mulheres e na luta contra a violência de gênero e aplicada aqui em Mato Grosso do Sul pelo Nudem.

 Confira a programação dos próximos dias:

 

10/09

 

A assistência social como política pública de enfrentamento à violência contra a mulher (assistente social do Nudem, Elaine de Oliveira França);

 

12/09

 

Preconceito em razão da condição sexual – LGBTfobia (defensor público e coordenador do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Mateus Augusto Sutana e Silva);

 

O preconceito em razão da raça e etnia (defensora pública e diretora da Escola Superior da Defensoria Pública de MS, Camila Maués dos Santos Flausino);

 

17/09

 

Assédio sexual e moral contra a mulher nos espaços públicos e privados (professora e pesquisadora Estela Scândola);

 

19/09

 

Assistência humanizada da gestação ao parto e planejamento familiar: aspectos jurídicos e sociais (defensora pública da mulher Thaís Dominato Silva Teixeira e assistente social do Nudem Elaine de Oliveira França);

 

24/09

 

Educação em direitos do consumidor como ferramenta de empoderamento da mulher (defensor público e coordenador do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos do Consumidor, Homero Lupo Medeiros);

 

Mulheres cidadãs – Conhecendo os direitos das mulheres com deficiência e das mulheres idosas. (advogada Alice Adolfa Zeni);

 

26/09

 

Mulheres nos espaços de poder e decisão (psicóloga Márcia Paulino);

  

01/10

 

Transformando sonhos em objetivos (empreendedora e multiplicadora do programa Ela Pode, Caroline Reis).

 

  

 

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A Lei Maria da Penha na prática foi tema da defensora pública da mulher Edmeiry Silara Broch Festi.

 

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A defensora pública da mulher Graziele Carra Dias em palestra sobre os crimes mais praticados contra as mulheres.

 

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A jornalista Carla Gavilan Carvalho Nantes abordou a representação da mulher na mídia.

 

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Elaine França, assistente social do Nudem em primeira aula do projeto.

 

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A psicóloga Keila de Oliveira Antônio falou sobre violência contra as mulheres.

 

Texto: Lucas Pellicioni

Defensoria Pública-Geral do Estado de Mato Grosso do Sul

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