ESDP: Seminário aborda guarda compartilhada, direito sistêmico e multiparentalidade

 

Seminário Capa

Seminário lotou o auditório da Escola Superior da Defensoria Pública de MS.

 

Autoridade parental, guarda compartilhada, direito sistêmico e multiparentalidade foram os principais temas abordados durante o 2º Seminário de Direito de Família e Sucessões, promovido pela Escola Superior da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (ESDP), na última sexta-feira (23). O evento reuniu defensores, assessores, acadêmicos e sociedade em geral.


No período da manhã, o seminário foi presidido pelo defensor público Daniel Provenzano Pereira.


“Os temas e palestrantes selecionados atendem os interesses e as necessidades práticas da Defensoria Pública de MS, em seus mais diversos órgãos de atuação, do interior à Capital”, destacou o defensor público, que atua na 15ª Defensoria Pública de Família e Sucessões.

 

Defensor Daniel interna

Defensor público Daniel Provenzano Pereira.

 

Na sequência, o doutor em direito Marcelo Truzzi Otero fez uma análise jurídica da autonomia, guarda e alienação parental abordando em específico a eficácia da guarda compartilhada.


“A guarda compartilhada tem caráter pedagógico, e isso é positivo, mas é desnecessária. O que importa é o texto constitucional e não a lei infraconstitucional, que fica impondo a medida, quando na verdade nós temos que cuidar de algo que é muito maior: a autoridade parental, o desenvolvimento dessa autoridade dentro de uma visão funcionalizada e como isso chega no Judiciário”, defendeu o palestrante.

 

Marcelo Truzzi interna

Doutor em direito Marcelo Truzzi Otero.


Após debate, a mestre em responsabilidade civil, Líbera Copett de Moura Pereira, tratou a possibilidade da guarda compartilhada quando os pais residem em cidades diferentes.

 

“Não há impedimento legal para a medida. Porém, o tema é absolutamente complexo. É possível o compartilhamento da guarda quando os pais moram em cidades diferentes se levado em consideração o aspecto da autoridade parental, ou seja, pensando no princípio do superior direito da criança”, afirmou Líbera.

 

Líbera Copetti interna

Mestre em responsabilidade civil, Líbera Copett de Moura Pereira.

 

No período da tarde, a mesa de debates foi presidida pela defensora pública Jamile Gonçalves Serra Azul, que pontuou a importância da palestra “Direito Sistêmico – uma nova forma de solução extrajudicial de conflitos”, ministrada pela psicóloga Olga Simone Almeida de Paulo Lima.

 

“É uma nova metodologia, que utiliza a técnica de Constelações Familiares, sistematizada no âmbito do Judiciário brasileiro, assim como o uso de posturas sistêmicas na solução de conflitos judiciais”, explicou a titular da Defensoria em Rio Negro.

 

Defensora Jamile interna

Defensora pública Jamile Gonçalves Serra Azul.

 

De modo amplo, a palestrante citou os problemas mais comuns enfrentados por casais que tem filhos e se separam e, como o direito sistêmico é uma alternativa viável para a construção de uma convivência inteligente e saudável entre todas as partes envolvidas no processo.

 

“O amor é a base das relações entre as pessoas, porém nem sempre esse amor está bem estruturado ou em harmonia. E o direito sistêmico ajuda essa família a compreender que a separação que acontece é entre o homem e a mulher, e nunca entre o pai e a mãe”, destacou a psicóloga.

 

Olga Simone interna

Psicóloga Olga Simone Almeida de Paulo Lima.

 

Por fim, o doutorando e mestre em direito civil, Ricardo Lucas Calderon, discutiu a filiação socioafetiva, multiparentalidade e sua possibilidade de registro em cartório sem que haja a Judicialização.

 

“A filiação socioafetiva acontece quando não há o vínculo biológico com o filho ou a filha, mas ainda assim, um adulto exerce a função de pai ou mãe no dia a dia, construindo uma relação moldada pelo amor, dedicação e carinho constantes. Nesse sentido, é possível, com a devida documentação exigida, passar a constar no registro de nascimento do filho ou filha como pai ou mãe socioafetivo, mesmo que já conste no documento a filiação biológica, ou seja, o princípio da multiparentalidade”, esclareceu o palestrante.

 

Ricardo Calderon interna

Mestre em direito civil, Ricardo Lucas Calderon.

 

Para a diretora da Escola Superior, Camila Maués, as palestras e diálogos foram proveitosos para a atuação dos defensores públicos.


“A ESDP tem o objetivo de dar essa praticidade às temáticas em discussão e, cada vez mais, está comprometida com o profissionalismo, aperfeiçoamento técnico dos defensores, assessores, estagiários e empoderamento da sociedade”, disse.

 

Camila Maués interna

Coordenadora da ESDP-MS, defensora pública Camila Maués.

 

(Texto: Guilherme Henri)

 

 

Defensoria Pública-Geral do Estado de Mato Grosso do Sul

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