Defensoria atende mais de 600 indígenas em lançamento de campanha nacional que promove direito à documentação pessoal

 

 

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A Defensoria Pública atendeu 602 indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó, localizadas em Dourados, região sul do estado, nessa sexta-feira (17).

 

A força-tarefa, que contou com o trabalho de dezenas de defensores e assessores, realizou 580 pedidos de registro civil. O sub-registro é um problema grave nas aldeias do Estado. Muitos indígenas não têm a certidão de nascimento civil e, dessa forma, ficam sem conseguir benefícios ou ter acesso a serviços básicos.

 

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O evento representou o lançamento da campanha nacional da Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep), que neste ano traz o tema “Defensoras e Defensores Públicos pelo direito à documentação pessoal: onde existem pessoas, nós enxergamos cidadãos". O objetivo é mostrar à sociedade que a Defensoria Pública pode ajudar o cidadão a obter e/ou retificar a documentação básica.

 

Foram dois atendimentos distintos. Pela manhã parte da equipe esteve na aldeia Bororó e à tarde, na comunidade Jaguapiru. Nesta última, lideranças e população participaram de uma oitiva para que os defensores públicos conhecessem as principais demandas e necessidades de ambas as aldeias.

 

O cacique da Jaguapiru, Izael Morales, destacou a importância do evento ao abordar a dificuldade da população em procurar os órgãos responsáveis para obter as documentações. “Onde vamos, acabamos tropeçando no caminho e voltando sem resultado”.

 

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Já o representante da aldeia Bororó pontuou a grande distância que os indígenas precisam percorrer para ir até a cidade buscar atendimento. ”A distância da Bororó é maior e a dificuldade é muito grande. Eu peço em nome da comunidade da região de Dourados que abracem nossas causas. Muitas vezes dói no nosso coração quando a gente não pode atender um patrício, uma mulher, uma mãe ou uma avó. Hoje vocês vão estar atendendo e ouvindo da própria comunidade os nossos problemas”.

 

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A coordenadora do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial e Étnica (Nupiir), defensora pública de 2ª instância Neyla Ferreira Mendes, destacou aos presentes a necessidade da documentação pessoal. “Sem o documento vocês não conseguem serviços básicos, então a Defensoria Pública aconselha a todo mundo fazer o seu”.

 

Também no mutirão, o coordenador da 8ª Região, defensor público Marcelo Marinho da Silva falou sobre o porquê é preciso ouvir a população.

 

“Sou defensor de Amambai, cidade que conta com 1/3 da população formada por indígenas. Lá nós nos unimos com a rede de atendimento para entender um pouco da cultura, tradições e necessidades das comunidades e foi ouvindo a população, fazendo atendimentos e mutirões nas aldeias, que nós conseguimos desenvolver um trabalho que perdura por anos”.

 

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Participaram da ação, ainda, os defensores públicos Aléscio Artiolle, Cícero Feitosa de Lima, Guilherme Lunelli, Joanara Hanny Messias Gomes, Leonardo Ferreira Mendes, Mariza Fátima Gonçalves, Reginaldo Marinho da Silva e Samuel Sebastião Magalhães, além de assessores e funcionários da Defensoria Pública.

 

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Atuação permanente

 

No ano passado, a Defensoria Pública entregou em Amambai 500 carteiras de identidade feitas em um mutirão realizado, entre os dias 29 de maio e 2 de junho, para indígenas das aldeias do município e cidades vizinhas.

 

Presente no evento, o defensor-público-geral, Luciano Montalli, destacou a importância da garantia da cidadania. “É fundamental fazer parte da comunidade, sociedade e das decisões que são tomadas. Conhecer seus direitos e exercê-los. Conhecer os seus deveres e cumpri-los. A ação de hoje é o esforço de diversos órgãos públicos para garantir esse direito”, afirmou à época.

 

Para essa ação de 2017, a Defensoria Pública, em parceria com a rede de atendimento, realizou um levantamento em toda a comunidade indígena de Amambai e verificou que 1300 pessoas não possuíam a documentação civil.

 

Novo mutirão

 

Nesta sexta-feira (25), a Defensoria Pública realiza um novo atendimento à população indígena, com o objetivo de regularizar documentações. A ação será ma XII Grande Assembleia Terena, na aldeia Tereré, em Sidrolândia.

 

Veja mais fotos no flickr da Defensoria Pública.

 

Texto e fotos: Lucas Pellicioni

 

 

 

 

Defensoria Pública-Geral do Estado de Mato Grosso do Sul

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